Ontem (18) três parlamentares do PSOL, Sâmia Bomfim (SP), David Miranda (RJ) e Fernanda Melchionna (RS), líder do partido na Câmara Federal, apresentaram, no Congresso Nacional, um pedido de impeachment do presidente Jair Bolsonaro. Foi o segundo pedido formulado apenas essa semana (o primeiro foi formulado pelo deputado distrital Leandro Grass, da Rede), tendo a crise causada pela covid-19 como uma das razões.
O pedido apresentado foi subscrito por parlamentares do PSOL de diferentes estados, como as deputadas estaduais Luciana Genro (RS), Monica Seixas (SP) e o deputado estadual Carlos Giannazi (SP); por artistas, como Gregório Duvivier e Zélia Duncan; e por professores como Vladimir Safatle (USP), Rosana Pinheiro-Machado (Universidade de Bath) e Débora Diniz (UnB).
Fogo no Parquinho
Para quem não acompanha as disputas internas do PSOL, a apresentação do pedido de impeachment de Bolsonaro recebeu críticas de onde, em tese, menos se esperaria: da Executiva Nacional do partido. Em nota publicada ontem à noite (leia aqui a íntegra), a Executiva classificou a iniciativa como “isolada” e voluntarista”, não reconhecendo o que seria uma “medida unilateral”.
Em seu twitter, Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL, endossou a nota, explicando que o assunto não havia sido deliberado por nenhuma instância partidária. A nota argumenta que, apesar de considerarem que Bolsonaro cometeu crimes de responsabilidade, não há acúmulo político para que o pedido de impeachment prospere.
Partidos de tendências
Para entender o funcionamento de partidos como o PSOL e o PT é fundamental acompanhar o comportamento de seus agrupamentos internos. Tratam-se de dois partidos de tendências. Cada uma dessas tendências possui teses, análises de conjuntura e estratégias diferentes. Com disputas internas que atravessam os cargos de direção e os nomes apresentados nas eleições.
Juliano Medeiros, presidente nacional do PSOL, é da Primavera Socialista, maior tendência do partido hoje. É uma tendência que, entre outras teses, defende uma aproximação com o PT e outros partidos de esquerda para enfrentar o governo Bolsonaro. Internamente, pessoas próximas a essa tendência apoiam a chapa Guilherme Boulos e Luiza Erundina em São Paulo, a candidatura de Marcelo Freixo com um vice do PT no Rio de Janeiro, e estariam propensos a apoiar Manuela D’Ávila, do PCdoB, em Porto Alegre.
Já Sâmia Bonfim, David Miranda e Fernanda Melchionna são integrantes da tendência Movimento Esquerda Socialista (MES). Essa tendência é a que mais rejeita uma aproximação com o PT. Além de ter sido a que mais apoiou, no PSOL, a Operação Lava-Jato, e que disputa com Boulos e Erundina em São Paulo, com Freixo no Rio, e se opõe à aliança com PT e PCdoB em Porto Alegre, apresentando os nomes, respectivamente, de Sâmia, David e Fernanda.
