Empatia é habilidade de se colocar no lugar do outro. Ao invés de você, de cara, julgar uma atitude de alguém, você deve ter empatia, ou seja, se transportar para aquele exato momento, para o corpo daquela pessoa e tentar encarar a vida dela com todas as experiências que teve.
Esta semana o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) confirmou que seu teste de covid-19 deu positivo. Logo após a confirmação, na noite de segunda-feira (7), figurou nos assuntos mais comentados do twitter a #ForçaCovid em que usuários estariam desejando que o vírus vencesse a batalha contra Bolsonaro.
O próprio presidente que, inclusive, desejou a morte de Dilma Rousseff em 2015 e desdenhou de dezenas de milhares de mortos pelo novo coronavírus, tanto literalmente, quando disse “e daí? Lamento. Quer eu eu faça o quê?”, quanto fazendo propaganda de um remédio que estudos do mundo provaram que não funciona para combater a doença.
Mas o que figuras de “oposição” ao governo fazem? Vão nas redes dizer que quem deseja a morte do presidente está fazendo o mesmo jogo que ele. Figuras como Gabriela Prioli, Vera magalhães, Felipe Neto e Luciano Huck abriram o seu twitter para condenar quem não mostrava empatia com o presidente.
Sentimentos não de são no vazio
Isso me faz lembrar de um livro que eu acabei de ler: “Androides sonham com ovelhas elétricas?” de Philip K Dick, que deu origem ao filme “Blade Runner”. O Cenário do livro é um mundo pós-apocalíptico onde grande parte dos habitantes da Terra emigrou para marte pois o planeta se encontrava inabitável. Alguns humanos, no entanto, ficam. (Tem uma discussão de classe aí mas, enfim, como diria Tim Maia “leia o livro”).
O personagem principal, Rick Deckard é um caçador de recompensas, que precisa matar os androides que fogem de marte, onde são escravizados, e vão para a Terra. E, pra isso, ele aplica testes de empatia, já que essa seria uma qualidade presente somente nos seres humanos. Andróides não conseguiriam sentir isso.
Os seres humanos, porém, também estão bastante mudados e precisam de estímulos virtuais para sentir algo. Para isso existem as caixas de empatia, em que as pessoas entram e seguram em manoplas para dividir alguma sensação com que estiver na caixa ao mesmo tempo. Ou seja, há uma espécie de mercado das sensações.
Dei toda essa volta pra dizer que a empatia não se dá no vazio. É inócuo e infantil figuras promoverem essa espécie de “Copa do Mundo da empatia” dessa forma egoísta, aumentando ainda mais a culpa em quem não tem sentimentos tão nobres assim.
Bolsonaro colhe o que planta quando, se não mata diretamente, deixa milhares e milhares de pessoas morrerem por omissão e desinformação. Coisa que uma # no twitter não chegará aos pés.
