Como você reagiria se te dissessem que, em vez do 7 de Setembro de 1822, a verdadeira Independência do Brasil veio ao sol do 2 de Julho de 1823? E que, no lugar do imperador português gritando às margens do Ipiranga, ela foi fruto de lutas lideradas por caboclas, caboclos, mulheres, negras e negros?
Uma liberdade feita nas ruas e não nos palácios é o que vem sendo celebrada por multidões na Bahia desde 1824. Naquele ano, pela primeira vez, a expulsão dos portugueses do estado realizada em 1823 foi comemorada. O hino que homenageia essa data deseja que “com tiranos” não combinem “brasileiros corações”. Tornou-se oficial do Estado em 2009, após decreto assinado pelo então governador Jaques Wagner, do PT.
A Independência do Brasil na Bahia foi feita por forças populares em que se destaca a liderança de três mulheres: Maria Felipa, Maria Quitéria e Joana Angélica. A primeira, negra, descendente de escravos sudaneses, foi responsável por juntar um grupo de mulheres que, após seduzir e embriagar portugueses, deu uma surra de cansanção naqueles que faziam a guarda e queimou embarcações prontas para invadir Salvador.
Maria Quitéria, jovem que fugiu de casa e teve que se vestir de homem para se alistar nas tropas brasileiras a fim de lutar contra os portugueses. E Joana Angélica, abadessa do Convento da Lapa, assassinada por defender o convento da entrada dos soldados imperiais. As três incluídas no Livro de Heroinas da Pátria. Uma liberdade popular, negra, cabocla e feminina.
Veja abaixo um documentário produzido pela Fundação Gregório de Mattos, dirigido por Yuri Rosat, que conta um pouco sobre a história do 2 de Julho e a importância dos caboclos que perdura até os dias de hoje.
