O escritor e compositor Aldir Blanc morreu nesta segunda-feira (4), aos 73 anos vítima do Covid-19. Ele estava no hospital Pedro Ernesto, em Vila Isabel, no Rio de Janeiro. Ele estava internado desde o último dia 10 de abril e teve o diagnóstico da doença dia 23. Chegou a ser transferido de hospital por meio de uma vaquinha organizada pela sua família mas não resistiu.
Por ter morrido em uma época de pandemia, o cronista não poderá ter um velório digno, cheio de fãs que cantariam suas músicas como uma última homenagem. Por ter morrido uma época de um presidente insensível e desumano, não poderá ser homenageado pelo país que tanto ajudou. Isso talvez seja algo a se comemorar, enfim, como uma conquista derradeira.
`Glória a todas as lutas inglórias`, escreveu para Elis Regina Cantar em ` Mestre Sala dos Mares`. Preocupado com a história escrita não pelos vencedores, que infestam narrativas por aí, mas pelos perdedores. Para Elis, também reservou a obra de arte `O Bêbado e a equilibrista`, que se tornou hino da anistia geral e irrestrita que, no fim das contas, de tão geral e irrestrita, acabou por não contar as lutas inglórias até hoje.
Também, quando voltarmos, não teremos mais um narrador da vida cotidiana, como em `De frente pro crime`. O corpo se estende no chão, um silêncio serve de amém, e malandros e trabalhadores vão cada um pro seu lado. E vida que segue.
O que vai ficar das ruas, da boemia e da Tijuca quando a vida voltar pra todos, menos para Aldir Blanc?
